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Quatro Homens e um Segredo

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Por Hermes C. Fernandes

Voltando ao texto:
“Chegando estes leprosos à entrada do arraial, entraram numa tenda. Comeram e beberam e, tomando dali prata, ouro e vestes, foram-se e os esconderam. Voltaram, entraram em outra tenda, e dali também tomaram alguma coisa, e a esconderam. Então disseram uns para os outros: Não fazemos bem. Este dia é dia de boas novas, e nos calamos. Se esperarmos até a luz da manhã, algum castigo nos sobrevirá. Pelo que vamos e o anunciemos à casa do rei” (vv.8-9).
Duas opções se descortinavam ante seus olhos:

# Guardar segredo

# Partilhar a boa nova

Não fosse a súbita crise de consciência, aqueles homens teriam guardado segredo pelo resto de suas vidas. Por que deveriam compartilhar a boa nova com aquela gente que os tinha rejeitado por tanto tempo?

A igreja cristã é detentora da mais importante mensagem de todos os tempos. Apesar de nem sempre saber as implicações e aplicações dessa mensagem. E o que ela tem feito? Guardado segredo.

Os princípios contidos no Evangelho poderiam mudar drasticamente a história da civilização humana, se tão-somente fossem compartilhados com o mundo.

O que a igreja precisa saber é que ela existe em função do mundo. Assim como Deus escolheu a Abraão e a sua descendência, para que por meio dele todas as famílias da terra fossem beneficiadas, Deus escolheu a igreja para ser o canal que trará a restauração do mundo.

Temos falhado no cumprimento de nossa missão. Tornamo-nos um fim em nós mesmos. Vivemos em função de nossas próprias necessidades e da manutenção de nossos projetos pessoais. Se a igreja continuar assim, ensimesmada, ela experimentará uma processo de implosão. Ou ela se volta para o mundo, ou será implodida. Por isso, tantas denominações têm perdido a relevância, e consequentemente, seus membros.

O projeto original de Deus é que a igreja se torne uma referência para o mundo. Ela é uma espécie de amostra grátis, de workshop do reino de Deus. Sua vocação é a de ser paradigma civilizatório. Mas em vez disso, ela se tornou num gueto religioso, repleto de gente ensimesmada.

Conscientes dos riscos que corriam, aqueles leprosos resolveram, unânimes, anunciar a boa nova ao rei.
“Assim, vieram e bradaram aos porteiros da cidade, e lhes anunciaram: Fomos ao arraial dos siros e lá não havia ninguém, nem voz de homem, porém só os cavalos e os jumentos atados, e as tendas como estavam” (v.10).
É claro que o rei não deu crédito àquele anúncio. Ele achou que podia ser uma armadilha dos siros. Por isso, aconselhado por um dos seus servos, enviou cinco cavaleiros para que investigassem e constatassem o fato.
“Foram após eles até o Jordão, e todo o caminho estava cheio de roupas e de objetos que os siros, apressando-se, lançaram fora. Voltaram os mensageiros e o anunciaram ao rei. Então saiu o povo e saqueou o arraial dos siros. Assim houve uma medida de farinha por um siclo, e duas medidas de cevada por um siclo, conforme a palavra do Senhor” (vv.15-16).
Quantos mensageiros do mundo têm entrado em nossos arraiais, para constatar se de fato há coerência entre o que anunciamos e a realidade! O mundo espera encontrar em nós, no mínimo, coerência entre o que pregamos e o que vivemos. Não podemos ser um microcosmo do mundo, reproduzindo seus vícios e mazelas. Antes, temos que ser uma referência, um sinal vivo da presença do Reino. A igreja deve promover um ambiente acolhedor, onde as pessoas sejam estimuladas ao exercício da livre iniciativa, à partilha de seus bens, à vivência comunitária.

E quanto àquele capitão que havia duvidado da palavra profética de Eliseu?
“Ora, o rei havia colocado à porta o capitão em cujo braço se apoiava, e o povo o atropelou na porta, e ele morreu, como dissera o homem de Deus, o que falou quando o rei descera a ele” (v.17).
Este é o destino de quem se atreve a duvidar dos propósitos de Deus. Acaba sendo atropelado pela história. Não é a incredulidade humana que vai impedir a execução dos propósitos divinos. Quem crê, participa. Quem duvida, assiste.

Nossa vocação, enquanto seguidores de Cristo, é de ser protagonistas, e não meros expectadores da história.


* Não deixe de ler os dois posts anteriores para melhor entendimento desta mensagem. 

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