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DOSSIÊ INFERNO 3 - O Império da Morte

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Por Hermes C. Fernandes

“Quem dizem os homens que eu sou?”, foi a pergunta dirigida por Jesus aos Seus discípulos. Pedro foi o único a oferecer uma resposta satisfatória: “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo.” Segundo Jesus, tal declaração não era uma conclusão proveniente da mente humana, mas uma revelação vinda diretamente de Deus, sobre a qual a igreja seria edificada, “e as portas do inferno não prevalecerão contra ela” (Mt.16:18).

O que seriam as portas do inferno?

Possuir as portas significa possuir limites, fronteiras, domínio. Era como se Jesus atribuísse ao Hades o status de cidade ou reino. Quando um exército marchava contra uma cidade para tomá-la, seus moradores reforçavam seus portões para impedir que a conquistassem. A igreja, representante do reino de Deus, seria o exército invasor que marcharia contra o império da morte para conquistá-lo.

Paulo captou este conceito e o expressou como ninguém ao afirmar que “pela ofensa de um só, a morte reinou por esse”, mas que agora, “os que recebem a abundância da graça, e o dom da justiça, reinarão em vida por um só, Jesus Cristo” (Rm.5:17).

O pecado foi a pedra fundamental na construção do império da morte. Toda a humanidade estava refém daquele que o detinha, a saber, o diabo.

Como para os gregos, o Hades era o território sobre o qual a morte exercia seu domínio, tanto Jesus quanto Paulo se apropriam deste conceito para designar o domínio exercido pela morte desde a queda do primeiro homem, Adão.

A igreja fundada sobre a revelação da identidade de Cristo seria uma espécie de célula rebelde cuja missão é provocar uma insurreição contra o império da morte.  Não há no mundo uma comunidade de caráter mais subversivo que a igreja. Na medida em que ela marcha, o império da morte retrocede. Igualmente, se ela retrocede, o mal avança. Cada passo que a igreja dá para trás é espaço que ela cede a Satanás. Todavia, não é a igreja que deve estar numa posição defensiva contra os ataques do Hades. São as portas do Hades que enfrentam o assédio da igreja. O império da morte sofreu a invasão da igreja e foi sequer necessário que se arrombasse a porta, pois nosso general, Cristo Jesus, tem as chaves do inferno e da morte (Ap.1:18). E é bom que se diga que Ele não a tomou do diabo, como geralmente se crê. Ele as tem porque é soberano, Rei dos reis e Senhor dos senhores. Ele é Senhor da vida e da morte, do céu, da terra e de todos os infernos.

Apesar de sua rebelião, o Diabo jamais se constituiu numa ameaça à soberania divina. Poderíamos dizer que ele era um problema para o homem, mas não para Deus. Seu império jamais teve sua legitimidade reconhecida, funcionando sempre na clandestinidade. Todavia, teve no homem seu aliado, cúmplice e, ao mesmo tempo, refém e escravo.

Ao rebelar-se contra o Criador, o homem sujeitou-se ao Diabo e entregou-lhe de mão-beijada sua posição de domínio neste mundo que lhe havia sido outorgada. Por isso, o Diabo se tornou o príncipe deste mundo. Em vez de interferir como Deus, passando por cima da autoridade que Ele mesmo constituiu, e recobrando a posição usurpada por Satanás, Deus preferiu fazer-Se um de nós, para que, como homem, reaver seu domínio.

O Diabo jogou sujo desde o início, mas Deus não Se rebaixou a jogar em seus próprios termos. Ele preferiu agir dentro das regras que Ele mesmo instituiu. O escritor sagrado diz que devido ao fato de sermos participantes comuns de carne e sangue, “também ele semelhantemente participou das mesmas coisas, para que pela morte aniquilasse o que tinha o império da morte, isto é, o Diabo; e livrasse todos os que, com medo da morte, estavam por toda a vida sujeitos à escravidão” (Hb.2:14-15).

Repare que o texto é claro ao afirmar que o Diabo “tinha” o império das trevas. Tinha, não tem mais. Ele nem mesmo continua sendo o príncipe deste mundo. Quando Jesus o chamou deste modo, ainda não o havia aniquilado pela morte. No entanto, estava prestes a fazê-lo. Confira o que Ele diz:
“Agora é o juízo deste mundo; AGORA será expulso o príncipe deste mundo.” João 12:31
Pouco depois, Ele disse: “O príncipe deste mundo já está julgado”(Jo.16:11).

Foi à luz desta verdade que Paulo pôde declarar veementemente que Jesus “tendo despojado os principados e potestades, os expôs publicamente ao desprezo e deles triunfou na cruz” (Cl.2:15).

A cruz de Cristo desbaratou completamente o império do Diabo. Numa só tacada, ele perdeu sua posição de príncipe deste mundo, o império da morte e, de quebra, seu emprego de promotor de acusação na corte celestial (Ap.12:10). Sabe o que lhe restou? O cartaz que muitos ainda dão a ele. E isso, devido à sua ignorância.

Quem antes era chamado “príncipe deste mundo”, agora é chamado “príncipe das potestades do ar” (Ef.2:2), indicando que ele perdeu o chão, o seu quinhão, o seu domínio. O Diabo foi desterrado. Expulso tanto do céu, quanto da terra. Seu castelo de areia ruiu. Com os escombros do império da morte, ele construiu o império das trevas (At.26:18, Cl.1:13).

Quando as Escrituras falam de trevas, referem-se à ignorância. Apesar de ter sido destituído, o Diabo se aproveita da ignorância que ainda predomina entre os homens, mas mantê-los cativos (Ef.4:18). Por isso, somente o conhecimento da verdade pode libertá-los (Jo.8:32). Os homens precisam ouvir as boas novas do reino para que se libertem das amarras de Satanás. E as boas novas do reino constituem-se no fato de que “os reinos deste mundo passaram a ser do Senhor e do seu Cristo, e Ele reinará para todo o sempre” (Ap.11:15). Não há, portanto, um único centímetro quadrado desde mundo sobre o qual o Diabo tenha direito de exercer domínio.

As portas do Hades foram escancaradas e compete à igreja tomar de assalto o que por muitas eras tem sido mantido em cativeiro.

* Para uma compreensão mais abrangente, leia os artigos anteriores e os que serão publicados na próxima semana. 

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