Por Hermes C. Fernandes
Não se enganem, senhores! O que estas fábricas de pastores
estão entornando no mercado religioso não são, de fato, pastores,
mas apenas robocops dos púlpitos,
programados para repetir a ladainha dos seus mentores; papagaios de pirata, desprovidos de personalidade, treinados para
reproduzir não apenas a mensagem de seus líderes, mas também seu tom de voz,
seus trejeitos e cacoetes. São peões de obra em ministérios megalomaníacos,
cuja missão é animar auditório, produzir gente robotizada, bater metas financeiras que banquem os
projetos pessoais de seus gurus. São gerentes
de franquias que só oferecem fastfood religioso.
Seu guia não é a Bíblia, mas livros de autoajuda que abundam no mercado
literário gospel. Em vez de se atualizarem teologicamente, preferem buscar
modelos que dão certo, que garantam rentabilidade e crescimento vertiginoso. O
que importa, afinal, não é o que é certo, mas o que dá certo. Maquiavel é o seu
patrono.
Pastores não são feitos no atacado. Não são montados com
peças pré-fabricadas como numa linha de produção da Ford. Antes, são feitos artesanalmente,
um a um, pelo supremo oleiro, modelados e levados ao forno das provações. Não
são provenientes dos seminários, mas do discipulado. Não estão preocupados em
demonstrar erudição bíblica citando de cor versículos que justifiquem suas preferências
doutrinárias. Preferem demonstrar amor no trato com o seu semelhante. Em vez de
citar passagens bíblicas, buscam encarná-las em seu viver diário. Não incitam o ódio
entre os diversos grupos humanos, mas patrocinam o diálogo respeitoso entre
eles, mesmo não concordando com suas práticas. Não almejam dominar, mas servir.
Nem mandar, mas ser exemplo. Não escondem suas limitações, disfarçando-as num
discurso moralista, mas assumem-nas, deixando claro que ainda estão em fase de
acabamento. Em vez de fingir perfeição,
pautam pela coerência. Em vez de perseguirem o sucesso a qualquer custo, esmeram-se
para ser fiéis.
A palavra chave do ministério pastoral não é glamour, mas renúncia. O pastor genuíno não almeja ser carregado num andor, e sim, carregar sua própria cruz. Sua obsessão
não são os holofotes, mas fazer com que Cristo cresça enquanto ele diminua até
desaparecer.
Quando dois pastores se encontram, não perguntam quanto tem
sido arrecado em seus cultos e sim quantas vidas têm sido alcançadas pelo amor de Cristo. Não competem entre si para ver quem atinge maior popularidade. Não se cartam de suas conquistas materiais. Não contam
vantagens para se sobressaírem Em vez disso, buscam estimular uns aos outros com
suas experiências obtidas com suor e lágrimas, na dependência da graça de Deus.
Mesmo em seus dias de folga ou de férias, pastores de
verdade não deixam de ser pastores. Eles tiram férias do púlpito, mas não tiram
férias de Deus e de Sua obra. Estão sempre disponíveis, com seus celulares
ligados para atender a qualquer pessoa que lhe recorra em busca de socorro. O
púlpito que usa não é pedestal ou vitrine de onde exibe seus dotes, mas “altar”
onde oferece sua vida em sacrifício por amor ao rebanho que lhe foi confiado. Ocupá-lo
é muito mais que um dever, um privilégio, um prazer inigualável, um voto de
confiança dado por Aquele que o chamou.
Ao cuidar do rebanho, o pastor declara seu amor por Cristo,
consciente de que um dia terá que prestar contas de cada uma de suas ovelhas,
da maior à menor, da mais rica à mais pobre. Ele não as trata de acordo com a
contribuição que dão, mas de acordo com alto preço pago por suas almas na Cruz.
O privilégio de servir a Deus no pastorado é tão grande que
estou certo de que se necessário fosse, um pastor verdadeiro se disporia a
pagar qualquer preço. Não por esperar retorno, visto não ser um investimento. Mas
exclusivamente por amor. Não são poucos os pastores que são obrigados a trabalhar em serviços seculares
por não quererem onerar a igreja. Outros, por se dedicarem em tempo integral,
são mantidos pela igreja. Ambos são
igualmente honrados, pois não servem a Deus por dinheiro. Porque quem assim o
fizer, servirá ao diabo por um salário maior.
Apesar de a classe estar tão desvalorizada, sinto-me honrado
por ter sido escolhido para o desempenho deste serviço. Se há muitos falsos pastores no mercado
religioso atual, há também inúmeros pastores segundo o coração de Deus que
sofrem na pele todo tipo de discriminação e preconceito por causa
daqueles. Esses santos homens de Deus
devem ser honrados e amados tanto por seu rebanho quanto por seus
colegas de ministério.
Que Deus levante cada vez mais homens comprometidos com o
Seu Reino e Sua justiça, que amem a Deus e ao Seu rebanho muito mais que à sua própria vida.