Meu filho Rhuan alguns anos atrás quando morávamos na Florida |
Abertos à avaliação de outros
O segundo tipo de avaliação é a feita pelos outros. Quem disse que não devemos nos submeter a ela?
Temos que estar abertos constantemente à avaliação dos que nos cercam. E isto inclui, principalmente, aqueles que nos precederam na fé, ou que exercem autoridade espiritual sobre nós. Às vezes precisamos até de um avalista que dê testemunho de nossa transformação diante dos demais.
Confira comigo o episódio que narra a primeira viagem de Paulo a Jerusalém para encontrar-se com os apóstolos, três anos depois de sua conversão:
“Quando Saulo chegou a Jerusalém, procurava juntar-se aos discípulos, mas todos o temiam, não acreditando que fosse discípulo. Então Barnabé, tomando-o consigo, levou-o aos apóstolos e contou-lhes como no caminho ele vira o Senhor, e que este lhe falara, e como em Damasco pregara ousadamente em nome de Jesus. Andava com eles em Jerusalém, entrando e saindo, e pregando ousadamente em nome do Senhor...” (Atos 9:26-29a).
Barnabé foi o avalista de Paulo perante os apóstolos veteranos. Ninguém se sentia confortável diante de um homem que fora cúmplice no assassinato do primeiro mártir da igreja. As pessoas o olhavam com desconfiança. Mas quando Barnabé prestou testemunho de sua conversão, Paulo foi convidado a acompanhar os apóstolos por algum tempo. Isso lhe rendeu credibilidade diante dos demais cristãos. Não é em vão que a sabedoria popular diz: Diga-me com quem tu andas, e direi quem tu és. Os apóstolos fizeram questão que todos vissem Paulo caminhando ao lado deles,e desta maneira, abonaram sua conduta.
Quatorze anos se passaram. Paulo já desfrutava de total credibilidade entre as igrejas. Mas mesmo assim, voltou a Jerusalém para prestar contas aos demais apóstolos. Confira:
“Depois, passados quatorze anos, subi outra vez a Jerusalém com Barnabé, levando também comigo a Tito. E subi por causa de uma revelação, e lhes expus o evangelho que prego entre os gentios. Mas particularmente aos que pareciam ter maior destaque, para que de maneira alguma não corresse, ou não tivesse corrido em vão” (Gl.2:1-2).
Repare que a preocupação do apóstolo era não ter corrido em vão. Uma vida ministerial, ou mesmo uma vida cristã regular, poderá ser um completo desperdício de tempo e de energias, se não estivermos dispostos a prestar contas com outros.
Paulo já não era um novato. Pelo contrário. Sozinho já havia feito mais do que todos os apóstolos juntos. Mas isso não lhe dava o direito de levar uma vida autônoma, fazendo o que lhe desse na gana.
Líderes também devem prestar contas a outros líderes. Ninguém pode isolar-se dos demais. Nossa experiência não nos isenta da prestação de contas.
Lucas nos oferece outra narrativa desta segunda prestação de contas de Paulo: “Quando chegaram a Jerusalém, foram recebidos pela igreja, pelos apóstolos e pelos anciãos, e lhes anunciaram quão grandes coisas Deus tinha feito com eles.” (Atos 15:4).
Se não quisermos desperdiçar uma década inteira de nossa vida, estejamos prontos para prestar contas, expondo-nos à avaliação de nossos líderes e companheiros de jornada. Lembremo-nos que, enquanto estamos na pista, estamos cercados por uma nuvem de testemunhas. Portanto,“deixemos todo embaraço, e o pecado que tão de perto nos rodeia, e corramos com perseverança a carreira que nos está proposta, olhando firmemente para Jesus” (Hb.12:1-2).
Continua amanhã...