Por Hermes C. Fernandes
O tão esperado dia 15 de Março está às portas. Segundo os promotores do evento, mais de um milhão de pessoas já teriam confirmado presença pelas redes sociais. Entre os que têm incentivado a participação popular nas manifestações que pedem o impeachment da presidente Dilma estão alguns líderes de denominações evangélicas. Alguns gravaram vídeos convocando o povo às ruas. Os mesmos que condenaram as manifestações feitas em 2013.
Gostaria de saber se estes pastores estariam dispostos a cancelar o culto de suas igrejas para tentar derrubar a presidente. Nada de escola dominical, nem de culto de adoração. Todos pelo impeachment!
Interessante que quando Jesus entrou em Jerusalém, os gritos de "hosana" nada mais eram do que pressão popular para que Jesus provocasse o 'impeachment' de Herodes e Pilatos, peitasse Roma e assumisse o trono de Davi. Valia até improvisar tapetes com as próprias roupas. Nada disso impressionou a Jesus.
Em vez de marchar em direção ao palácio, Jesus foi direto para o templo e lá, sim, botou pra quebrar. Como podemos consertar o mundo, se a igreja está um horror? Se nossos templos se transformaram em casas de comércio?
Muitos desses líderes deveriam estar preocupados em pôr ordem em suas igrejas antes de incitar o povo a derrubar um governo democraticamente eleito. Não falo aqui como líder de uma denominação, mas como cidadão. Deixemos que os membros de nossas igrejas pensem por si mesmos em vez de serem teleguiados. Se quiserem juntar-se aos manifestantes, que o façam por conta própria e não por terem sido incitados por quem ocupa seu púlpito desonrosamente.
Não se trata de censurar quem se proponha a reivindicar a queda de um governo que não consegue atender às expectativas populares, principalmente no combate à corrupção. Mas não acho que líderes devessem se aproveitar do momento para manipular seus fiéis. O exercício da cidadania deve ser livre, espontâneo, sem interferências.
Repare que após limpar o templo, Jesus não fez qualquer menção aos louvores recebidos durante sua entrada em Jerusalém. Todavia, chamou a atenção para os louvores legítimos e autênticos oferecidos pelas crianças que o cercaram depois que as vias de acesso ao templo foram desbloqueadas. Deus não aceita louvores de quem pretenda pressioná-lo. Jamais vi Deus ceder a pressão de quem quer que fosse.
Se alguém quiser engrossar o coro dos 'revoltados', que o faça livremente e terá todo o meu respeito. Ainda que discorde de sua opinião. Quanto a mim, no próximo domingo, estarei celebrando mais um culto de santa ceia em nossa igreja e clamando a Deus pelo futuro do nosso país.