Por Hermes C. Fernandes
Não sou saudosista. Mas devo admitir que foi-se o tempo em que o púlpito não era palco nem tampouco palanque, e a congregação não era plateia, nem o pastor era considerado um showman. Foi-se o tempo em que os cantores que se dedicavam a louvar a Deus não tinham fã clube, nem sabiam o que significava tietagem. Mesmo porque, não havia performance, e sim, culto. Todos os holofotes eram voltados para Cristo. Os únicos aplausos que esperava ouvir deveriam vir dos céus.
O sonho de conquistar o mundo para Cristo foi substituído pelo sonho de tornar-se num mega-star gospel.
O dinheiro antes investido para enviar missionários ao campo, agora é usado para pagar vultuosos cachês a estas estrelas, que ainda por cima exigem regalias, tais como, hotel cinco estrelas, carro de luxo com chofer, comidas requintadas (eu disse, requintadas, não requentadas!), etc.
Mas tudo isso está prestes a acabar. O mercado gospel dá sinais de que está ficando saturado. Ninguém suporta mais patrocinar os projetos megalomaníacos dessas estrelas. Talvez por isso, o fluxo esteja se revertendo. Se até bem pouco tempo, cantores seculares estavam se voltando para a música cristã, agora, cantores cristãos anunciam que pretendem trocar a carreira gospel pela secular.
Por outro lado, cada vez mais, os cristãos estão se conscientizando de que seu papel não é o de manter esta indústria religiosa, e sim, de trabalhar pela transformação do mundo.
Chega de fogueiras de vaidade! Chega de busca por títulos e fama. Que se busque servir em vez de ser servido.
Chega de estratégias evangelísticas mirabolantes, de projetos milionários, Que o importante seja o que é certo, e não o que dá certo.
Voltemos ao velho e bom Evangelho, sem invencionices. Voltemos ao discipulado, sem a pressão pela multiplicação. Deixemos que Ele acrescente em número, enquanto nós focamos a qualidade de nossa vivência cristã.
E que os milagres aconteçam em ambientes domésticos e seculares, no dia-a-dia, e não à granel, no atacado, como tem sido anunciados nos programas neo-pentecostais.
Está chegando o tempo em que o Evangelho será espalhado por toda a Terra, não através de eventos extraordinários, marchas, cruzadas, mas através de gente anônima, ilustres desconhecidos, que ofuscarão o brilho daqueles que se acham indispensáveis na expansão do Reino de Deus, e tudo isso, sem chamar a atenção para si.
Viva o novo tempo que já se insinua no horizonte da história.