Hermes Fernandes
"...minha posição não é apenas que os homossexuais não devem se casar, mas que o homossexualismo é um crime, assim como o assassinato ou roubo, de forma que mesmo antes de considerar a união civil, devemos considerar o punir ou não aos homossexuais, com as possíveis punições, abrangendo desde a prisão à execução." Vincent Cheung
Jamais imaginei que em pleno século XXI ouviria algo assim vindo de um teólogo protestante. E quanto ao conceito de graça, aonde foi parar? São posturas assim que aumentam o abismo entre a igreja cristã e a comunidade gay, impossibilitando qualquer diálogo respeitoso, e o pior de tudo, dificultando a aproximação de homossexuais da fé cristã.
Será que Jesus se aliaria a um grupo que pregasse morte aos gays? Ou faria coro com quem buscasse privar-lhes de seus direitos?
Isso me remete ao episódio em que dois dos Seus discípulos sugeriram que se orasse para que Deus enviasse fogo do céu e consumisse o povo de uma aldeia samaritana que não os acolhera. A resposta de Jesus foi surpreendente:
"Vós não sabeis de que espírito sois. Porque o Filho do homem não veio para destruir as almas dos homens, mas para salvá-las. E foram para outra aldeia." Lucas 9:55-56Não importa se lá atrás um profeta foi atendido ao pedir fogo do céu para consumir seus oponentes. Vivemos agora sob a égide da graça, não da lei. Lembremo-nos, sempre, de que a letra mata, mas o Espírito vivifica.
Vincent Cheung nasceu em Hong Kong em 16 de setembro de 1976, reside atualmente em Boston (EUA) e é autor de mais de trinta livros e centenas de palestras sobre assuntos como teologia, filosofia, apologética e espiritualidade. Sua influência é crescente entre teólogos e seminaristas brasileiros reformados e conservadores.
Confira o texto completo de Vincent Cheung aqui.
Para expor melhor o que penso sobre isso, resolvi republicar um texto de minha autoria, intitulado "Cristãos em defesa dos homossexuais."
Ei-lo, abaixo:
Cristãos em Defesa dos Homossexuais
Pois muito mais escandalizados ficaram os detratores daquela mulher pega em flagrante adultério, ao serem desarmados pela pergunta de Jesus.
Que Deus é contrário ao adultério, não pode haver qualquer dúvida. Tal prática corrompe relações, destrói lares, e de quebra, destroça a alma. Jamais encontraremos Jesus dizendo uma só palavra em apoio a este tão danoso pecado. Entretanto, lá estava Ele, se entrometendo em questão alheia, em defesa de uma adúltera.
Seu argumento foi imbatível: Quem não tivesse pecado, que se atrevesse a atirar a primeira pedra. Não duvido que alguns dos que se dispunham a executá-la sumariamente, haviam tido caso com ela. Talvez, o que os motivasse fosse uma espécie de “queima de arquivo”. Outros nem sequer a conheciam, mas em nome da moral e dos bons costumes, muniram-se de pedras. Todos, porém, tinham algo em comum: o pecado. Nem todos eram adúlteros, mas alguns eram corruptos, outros difamadores, alguns mentirosos, outros dissimuladores, e por aí vai… Jesus os desmontou!
Mas será que valia a pena expor-se daquela maneira por uma despudorada?
Bem da verdade, Jesus nunca se preocupou com a opinião pública. Se fosse hoje, alguém o classificaria de liberal, ou coisa semelhante. Do ponto de vista do marketing, defender aquela mulher era cometer suicídio. Sua popularidade cairia. Sua moral seria questionada. Sua imagem maculada.
Às favas com a imagem! Muito maior valor tinha aquela vida!
E se fosse hoje? Se Jesus flagrasse um homossexual prestes a ser linchado, Ele igualmente o defenderia? Os ‘puritanos’ talvez digam que não!
“Bicha tem mesmo é que morrer!” Dá para acreditar que já ouvi isso da boca de gente que diz servir a Deus? Defendemos o direito dos fetos à vida, mas somos insensíveis ao ponto de não defendermos o mesmo direito para os homossexuais. Em vez disso, preferimos nos entrincheirar contra a comunidade LGBT, apontando os seus pecado, e nos fazendo seu inimigo número 1. Há, inclusive, razões políticas para isso. Boa parte dos deputados que formam a bancada evangélica foi eleita em cima da “ameaça” do que eles chamam de ditadura homossexual.
Enquanto isso, o número de homossexuais assassinados em nossas cidades cresce drasticamente. Será que um ativista gay pararia para ouvir nossa mensagem, enquanto nos posicionamos contra suas reivindicações?
Não estou aqui afirmando que tais reivindicações sejam justas ou não (apesar de, particularmente, crer que sim). Caberá à sociedade com um todo julgá-las. Mas talvez, se fizéssemos manifestações que denunciassem a violência sofrida por eles, ganharíamos seus corações, e assim, eles se disporiam a nos ouvir.
Semelhante àquela mulher adúltera, os homossexuais já têm muitos acusadores. Que nos posicionemos ao lado de Jesus para defendê-los, em vez de ao lado de seus detratores para persegui-los!
Não estou, com isso, endossando qualquer estilo de vida promíscuo, tão nocivo à dignidade e saúde humanas. Assim como Jesus não endossou o adultério. Pecado é pecado, e ponto. Não há o que negociar. Porém, quem estabeleceu uma hierarquia para os pecados foi a religião, não Jesus. A promiscuidade não é exclusividade deste segmento. Héteros podem ser tão promíscuos quanto, e até mais do que muitos homossexuais. O que leva muitos gays a uma prática promíscua é justamente a falta de acolhimento, inclusive da própria família. Muitos deles, sem alternativa para se manter, acabam nas ruas se prostituindo. E adivinha quem são seus principais clientes: Homens héteros frustrados em seus casamentos.
Se considera a prática homossexual pecaminosa, lembre-se de que não é mais do que mentir ao declarar seu imposto de renda. Antes de apedrejá-los, pense nisso.
Se considera a prática homossexual pecaminosa, lembre-se de que não é mais do que mentir ao declarar seu imposto de renda. Antes de apedrejá-los, pense nisso.
O que os gays precisam é de alguém que os ame, os acolha, em vez de acusá-los e rechaçá-los.
Creiam-me. Longe de mim querer parecer politicamente correto ou mesmo promover algum tipo de proselitismo. Possivelmente este post desagradará tanto a gregos, quanto a troianos. Porém, minha consciência se tranquiliza por saber que estou saindo em defesa da vida, e não de uma prática ou de uma agenda política.
Não posso me calar enquanto a cada dois dias um homossexual é assassinado no Brasil por conta de sua opção sexual. Ora, se a prática homossexual for mesmo pecado como vociferam alguns, a homofobia também o é.